tomar decisões

Alguma vez você teve a sensação de estar diante de uma encruzilhada? Sem saber qual direção seguir? Caso ainda não saiba, permita-me lhe dizer que isso é mais comum do que pode imaginar. Por isso, neste texto falaremos sobre a importância de tomar decisões.

Acredito que viver é tomar posição diante de nossa própria existência. E, embora isso possa soar contraditório, não decidir também é uma decisão. Temos sempre diante de nós opções e precisamos escolher qual caminho seguir.

Esse tema esteve presente ao longo da história da filosofia ocidental, e um dos autores que discutiu sobre isso foi o francês Jean-Paul Sartre, que se converteu em um dos principais nomes do chamado movimento existencialista.

Para Sartre: “Somos indivíduos livres, e nossa liberdade nos condena a tomar decisões durante toda nossa vida”. Como podemos notar, para o filósofo francês, a liberdade não apenas nos permite, mas nos exige algo: tomar decisões.

Nesse sentido, a tomada de decisões é algo característico da vida. Talvez não concordemos completamente com Sartre, mas há pelo menos algo interessante em seu pensamento e podemos fazer uso disso em nossa vida.

Em primeiro lugar, somos pessoas capazes da liberdade; no entanto, por possuirmos condicionamentos diversos, não podemos fazer tudo. Portanto, apesar de tudo aquilo que pode nos limitar, podemos, pelo menos, decidir sobre qual tipo de reação teremos.

Por outro lado, a expressão de Jean-Paul Sartre implica em uma conclusão expressa pelo próprio filósofo com os seguintes termos: A existência precede a essência.

Talvez neste momento poderiam me perguntar: “Por que nos enrolamos nesses emaranhados de conceitos?”

Certamente tratar-se-ia de uma pergunta muito válida. Porém, gostaria de tentar demonstrar que aquilo que foi expresso por Sartre não é tão complexo como poderia parecer à primeira vista. Mas para fazer isso, precisarei antes falar de alguns outros conceitos importantes.

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Apesar de tudo aquilo que pode nos limitar, podemos, pelo menos, decidir sobre qual tipo de reação teremos – Foto: Pixabay

Essência e existência

Para começar, o que é essência e o que é existência? Bem, a essência é um conceito comum na filosofia. No período da filosofia antiga, a essência era entendida como aquilo que definia alguma coisa. Seria algo imutável, como diria o conhecido Aristóteles. Já a existência, por sua vez, expressa que, de fato, algo é.

Se a essa altura alguém me disser que está ainda mais confundido, eu estarei totalmente de acordo com essa pessoa. Vamos, então, tentar esclarecer, ou, como costumo dizer, “aterrizar” tais ideias muito abstratas e, aparentemente, distantes do chão em que pisamos.

Dissemos que a essência é aquilo que faz com que algo seja o que é; isto é, trata-se de uma característica fundamental. Podemos pensar na essência, por exemplo, como aquilo que faz um livro ser um livro e não um caderno, mesmo que ambos possam ter características que os tornem semelhantes.  E a existência? A existência expressa que algo de fato existe. Em resumo, a existência quer dizer que algo é e a essência expressa o que é isso.

Acredito que isso seja o suficiente que precisamos ao nível conceitual. E agora, com esses conceitos mais claros, perceba o que Sartre nos diz. Ao afirmar que “a existência precede a essência”, o que o filósofo nos diz é que primeiro existimos, primeiro chegamos à vida, e só depois passamos a constituir nossa essência.

Assim, Sartre diz que não somos predeterminados por algo nem por alguém. Em uma fábrica de sorvetes, todos os sorvetes preparados com predominância da essência de baunilha terão o sabor de baunilha, certo? No entanto, não existe uma essência que determine de antemão o que você e eu seremos. Não há, portanto, um destino desenhado anteriormente. Sendo assim, estamos diante de um postulado: nossa essência é, na verdade, resultado das nossas decisões. Somos artífices de nossa própria vida.

Leia também sobre alguns aspectos básicos para tomar uma decisão

Tomar decisões é parte fundamental de nossa vida

Dessa forma, podemos dizer que a vida é determinada pelas decisões, mesmo que haja sobre nós influências que provêm da sociedade, da economia, da política, da história, da religião e da cultura. Tudo isso tem impacto sobre nossa vida, mas Sartre apontaria, ainda assim, para a liberdade como base do que somos. Esse ponto poderíamos reafirmá-lo com outra expressão conhecida do pensador: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”.

É por isso que tomar decisões e saber como tomá-las é tão importante. É através das escolhas profundas que fazemos ao longa da vida que vamos construindo nossa essência.

Às vezes, é melhor esperar para decidir – Foto: Pixabay

Uma palavra sobre as consequências

Falemos agora também algumas palavras sobre aquilo que acompanha as decisões: as consequências. Toda decisão é acompanhada por consequências, e isso não deveria nos bloquear, mas fazer-nos mais responsáveis por nossa própria vida.

Mas para alcançar esse nível de paz interior diante das difíceis decisões que temos que tomar, precisamos saber que em determinados momentos a melhor decisão é esperar para decidir.

Às vezes é melhor esperar para tomar decisões

Existem certos estados ou momentos da vida que podem nos impedir de tomar decisões conscientes, como:

  1. Quando estamos em um momento de grande alegria e/ou euforia. Nessas circunstâncias, poderíamos não considerar com atenção as possíveis consequências e nos movermos somente a partir da euforia. É melhor esperar.
  2. Quando sentimos tristeza e desânimo. Nesses momentos também não é conveniente tomar decisões de grande impacto na vida, porque também nessas circunstancias podemos não dirigir um olhar atento ao maior número de fatores possíveis.

2 respostas a “Por que é importante tomar decisões?”

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